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A história do corretor de imóveis

Dados históricos indicam que o corretor começou a “trabalhar” no tempo da colonização. Algumas pessoas ganhavam a vida arrumando pousadas para os desbravadores do País. O portal do Cofeci (Conselho Federal dos Corretores de Imóveis) destaca que, de certa maneira, Pero Vaz de Caminha deu início às atividades de corretagem – ele escreveu uma carta de sete páginas para Portugal detalhando o “Novo Mundo”. O documento está no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal.

Nos primeiros anos da colonização do Brasil, já existia comercialização e registro dos imóveis. O primeiro documento sobre o assunto está no livro IV, Título VII, das Ordenações do Reino, recompiladas por mandato do rei Felipe I, em 1595: “Se for senhor de alguma cousa e vender duas vezes a desvairadas pessoas, o que primeiro houver a entrega della será della feito verdadeiro senhor, se della pagou o preço por que lhe foi vendida ou se houve o vendedor por pago della, porque concorrendo assim na dicta venda entrega a cousa e paga do preço, o fazem senhor della” .

Primeiro corretor:

De acordo com o livro Seleta do Agenciador Imobiliário, um roteiro de instruções úteis sintetizadas e explicadas, escrito por Gildásio Lopes Pereira, o desenvolvimento urbano tornou-se uma realidade apenas depois da transferência da família real para o Brasil, no princípio do século XIX, em 1807.

“O Rio de Janeiro era um pequeno burgo de ruas estreitas, cobertas de mato e iluminadas a candeeiro de óleo de baleia. Mal podia acolher a Família Real. Quando a numerosa caravana ali chegou, viu-se que não havia moradia para ela. Então, o próprio Príncipe-Regente mandou requisitar as casas de residência dos habitantes da cidade. Enxotava os moradores e mandava pintar as fachadas das casas as letras maiúsculas ‘PR’ (Príncipe Real) que os despejados traduziam como ‘Ponha-se na Rua’, ou ‘Prédio Roubado’. A revolta popular foi tão grande que muitos portugueses recusaram a moradia tomada dos locais e se propuseram a indenizá-los particularmente. Foi então que uma pessoa começou a intermediar as negociações: Antônio Armando Mariano de Arantes Costa. Foi, de fato, o primeiro corretor de imóveis do Brasil”.

O desenvolvimento das cidades, no início do século XX, fez com que a venda de imóveis, por intermédio de anúncios nos jornais, se tornasse constante. E a demanda de mercado fortaleceu a profissão. Nessa época o corretor de imóveis era conhecido como agente imobiliário. Como não existiam cursos de formação relativos à área, a escola da vida acabou formando os primeiros profissionais, que passaram a viver exclusivamente da intermediação imobiliária.

Um exemplo do surgimento dos profissionais é o registro publicado no jornal A Tribuna, em 12 de fevereiro de 1971. O Corretor e empresário Argemiro Bicudo participou da fundação da primeira associação da categoria. Esta história representa a de muitos outros corretores, que deixaram sua cidade natal e foram para os grandes centros, descobrindo no mercado imobiliário sua verdadeira vocação.

“Indo de Santos para São Paulo por volta de 1910, onde se fixaria com a pequena experiência adquirida e com a grande decisão de trabalhar sozinho e livre, Argemiro se aventuraria como agente avulso de negócios, sem a necessidade de escritório e apenas munido de cartões de endereço, caderninho de apontamento e lápis”.

O tempo foi passando e o corretor de imóveis foi ganhando espaço e respeito. São Paulo cresceu 168% entre 1890 e 1900 e 141% entre 1900 e 1920 – o que no mínimo provocou uma grande demanda por habitações. É nessa época que começam a surgir os primeiros corretores de imóveis, assim denominados profissionalmente nas capitais ou grandes conglomerados urbanos. A comercialização dos imóveis e o loteamento de novas áreas para a criação de bairros teve na figura do corretor de imóveis seu maior difusor. Graças a estes profissionais bairros e até mesmo cidades tiveram seu crescimento organizado e a área urbana valorizada.

Na década de 30, durante o governo de Getúlio Vargas (Estado Novo) foram criadas as primeiras leis trabalhistas, que deram origem a uma nova forma de organização do trabalho, sendo institucionalizada a estrutura sindical brasileira.

O primeiro Sindicato de Corretores de Imóveis a ser reconhecido como tal no Brasil foi o do Rio de Janeiro. No dia 7 de janeiro de 1937, o ministro de Estado dos Negócios do Trabalho, Indústria e Comércio, em nome do presidente da República do Brasil, assinou a carta sindical, reconhecendo oficialmente o “Syndicato dos Corretores de Immóveis do Rio de Janeiro” como “syndicato profissional de trabalhadores por conta própria”, por despacho de 29 de outubro de 1936, no Processo n.º 22.431/1936, nos termos da legislação em vigor.

A formação de uma Junta de Corretores de Imóveis, em 1936, foi a semente geradora de todo o processo. No ano seguinte, 1937, já se conseguia a outorga da Carta Sindical, embrião do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Município do Rio de Janeiro, o primeiro da categoria criado no país.

Em São Paulo, a organização da categoria foi formalizada logo após a do Rio, no ano de 1938.

Em 1938, no Largo do Café, perto do marco zero da capital, ou seja, muito próximo do coração da cidade, surgiu a Associação Profissional dos Corretores de Imóveis. Na época surgiram algumas empresas imobiliárias. Um farmacêutico tinha seu negócio ao lado de um grande terreno vago. O dono do terreno morava no interior. Numa das suas viagens para a capital ele entrou na farmácia e pediu ao farmacêutico o favor de afixar no balcão um aviso de que o terreno estava à venda. O dono da farmácia perguntou o preço pretendido e fez a sua proposta: se ele conseguisse vender, teria direito aos 3% de comissão? O acordo foi feito e assim, sem papel, sem advogado, de boca mesmo, como se dizia naqueles tempos. E a pequena farmácia se transformou numa imobiliária.

Pioneiros

Entre os pioneiros do setor estão os fundadores da Associação Profissional dos Corretores de Imóveis. Os destaques são três corretores, membros da Junta Provisória, que coordenou a criação da associação entre os dias 7 e 12 de maio de 1938. A Junta Provisória era composta por Nelson Mendes Caldeira, Werner Sack e Antônio Macuco Alves. É importante registrar que os primeiros corretores de imóveis eram consultores da família – pessoas de confiança que não mediam esforços e distâncias para atender bem a seus clientes.\

Regulamentação – A Lei nº 6.530/78, assinada pelo presidente Geisel, regulamentou a profissão do Corretor de Imóveis e trouxe inúmeras vantagens para a classe. As pessoas que davam pouco valor a esta atividade passaram a conhecer melhor seus aspectos técnicos. A exigência de uma formação mínima para o exercício da profissão também contribuiu para que ela fosse reconhecida pela sociedade. Em São Paulo e no Rio Grande do Sul já existiam cursos de formação profissional e, em Pernambuco, entrariam em funcionamento a partir do segundo semestre de 1978.

Os anos 80 foram marcados pela solidificação e organização da profissão de Corretor de Imóveis em todo o Brasil. Nos Estados onde ainda não existiam Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis, e que foram fundados em 1978, houve a necessidade de organizar a atividade de fiscalização, trazendo para essas regiões as técnicas e conhecimentos utilizados em outros Estados. Também foram criados cursos para a formação de Técnicos em Transações Imobiliárias, e, em alguns Estados, cursos supletivos, complementando a formação daqueles que já tinham completado o segundo grau.

Com a difusão da informática e o aumento do nível de exigência por parte dos clientes, passou a ser exigida uma nova postura dos profissionais.

A prestação de serviços e o apoio na realização do melhor negócio ganharam destaque entre as principais características da profissão. O trabalho do Corretor hoje não se restringe mais à comercialização de imóveis. Em tempos de informática e alta velocidade na transmissão de informações, para ser bem-sucedido e conquistar a confiança do cliente é necessário estar bem preparado. “O corretor precisa ter em mente que a prioridade são as pessoas, não os imóveis. Hoje o mercado quer especialistas em gente”, detalha o especialista em mercado imobiliário, Guilherme Machado. A confiança, ressalta, é a base de qualquer venda. “Se o corretor ouvir o cliente e entender suas angústias e anseios, conseguirá conquistar”.

Para o presidente do Cofeci, José Augusto Viana Neto, a profissão vem se consolidando como necessária para a sociedade. “O corretor de imóveis faz muito mais do que aproximar partes interessadas em fazer um negócio. Ele é responsável por vários aspectos do processo, como as vantagens e desvantagens para quem compra e para quem vende o bem, sempre com ética. O corretor precisa garantir um negócio positivo para todos os envolvidos”, afirma Neto. Ou seja, o corretor é o ponto de equilíbrio da negociação. Uma boa definição para a profissão que só cresce no País.
Fonte: Zap Imóveis

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